terça-feira, 2 de junho de 2009

FADAS

COSTUMES DAS FADAS





Desde tempo imemorial, o homem manteve relações ambivalentes com o Reino das Fadas, já sabemos que é indiscutível que o contato feérico pode ser benéfico, mas a mesma probabilidade existe de ser funesto.

Em todas as partes onde há crença sobre as fadas se é estabelecido sempre uma distinção entre as fadas boas e as fadas más.

A CORTE BENDITA

Esse á o nome dado a hoste das fadas bondosas. Menciona-se em primeiro lugar suas atividades puramente benévolas, tais como a doação de pão e sementes de trigo aos pobres e a ajuda que prestam aos seus preferidos. As fadas se mostram benéficas para todo aquele que lhe prestar um favor.

Uma história contada por Grant Stewart ilustra esse aspecto:

"Uma pobre mulher, deu a uma fada que lhe pediu uma certa quantidade de farinha. A farinha lhe foi devolvida e durante todo a inverno a lata de farinha da mulher nunca esteve vazia".

Entretanto, inclusive a Corte Bendita se vingava de qualquer ataque ou insulto. As pessoas que esvaziavam água suja em suas moradas subterrâneas eram advertidas lealmente, porém se não fizesse caso do aviso, sofriam um castigo, que podia consistir na perda de um ganho ou na destruição de sua casa. Outras ofensas recebiam um castigo adequado, porém os humanos não eram atacados cruelmente, como ocorria com a Corte Maldita.

A CORTE MALDITA

Os membros da Corte Bendita, podem ser terríveis quando ofendidos, porém a Corte Maldita, em nenhuma circunstância são favoráveis a humanidade.

A Corte Maldita compreende a "Sluagh", a hoste dos mortos que não tinham recebido sacramentos e flutuam sobre a terra, arrebatando os mortais indefesos trazendo-lhes muita desgraça. Há autores que os consideram como anjos caídos. Esses espíritos matam cachorros, gatos, ovelhas e vacas com seus infalíveis dardos venenosos.

Também eram atribuídas a essas fadas más outras indisposições humanas como o reumatismo, as cãibras e as contusões, como feitiços das fadas, como castigo por ser agido em seu desagrado.

A paralisia não era vista como uma enfermidade para o homem do campo, mas sim como uma prova de que uma "criança trocada" havia substituído a criança verdadeira. Já Bovet, se atribuía a paralisia a presença invisível de um "Mercado das Hadas". Um viajante noturno viu esse mercado em Blackdown, Somerset, e chegou com seu cavalo para vê-los mais de perto. Quando aproximou-se dele, o mercado desapareceu, porém o cavaleiro sentiu um pressão em todo o corpo, e quando a pressão passou, sentiu um entumecimento, em todo um lado do corpo e ficou paralisado para o resto de sua vida.

A paralisia infantil, a cólera, a tuberculose, deformidades em geral e muitas outras doenças, segundo a crença popular da época, eram produzidas pelos ataques dos elfos. Ao que parece, Shakesapeare aprovava esse crença pois dizia:

"Tu, marcado pelos elfos, porco devastador e deforme..."

Entre outros conhecidos embaraços causados pelos seres fantásticos figura o desaparecimento de objetos no interior de nossas casas.

Existe inclusive um gênero de duende, chamado de Alp-Luachra pelos irlandeses que foi apelidado de "Comensal", que permanece sentado e invisível junto de sua vítima e comparte com ele seus alimentos, nutrindo-se da essência ou quintaessencia do que o homem come, por isso que esse segue magro como uma graça, não obstante seu apetite devorador.

William Hendersom em suas "Notes on Folk-Lore of the Northen Counties of England and the Borders" (1879), também nos conta como o "Kow" adorava perturbar a vida no campo, pois se dizia que imitava constantemente a voz dos apaixonados das moças e assustar os que a noite iam passear.

FADAS SOLITÁRIAS

Por regra geral, as fadas solitárias são seres malignos. Uma exceção é o "Brownie" e suas variantes, embora haja alguns grupos familiares entre os bownies, Meg Moulach com seu filho Borwnie-Clod são bem sinistros.

As fadas solitárias, a maioria das vezes, aparecem vestidas da cor vermelha, enquanto que as que vivem em grupos chegam de verde.

A lista das fadas solitárias inclui o Lepracaun, outro exemplo de espírito separado da humanidade.

A estreita ligação do Mundo das Fadas com as plantas, é explicado através das pragas que as vezes destroem uma colheita inteira. É bem provável que essas devastações sejam castigo de alguma transgressão humana.

MORALIDADE DAS FADAS

A atitude das fadas em relação aos humanos têm uma inclinação extremamente moralista. Contam que, no que a elas se refere, ditam elevadas normas de ordem para os lares humanos a serem visitados, enquanto que proíbem a existência dos olhos humanos quando o fazem. Elas castigam todo e qualquer intento de espiá-las ou qualquer tipo de violação de sua intimidade.

As fadas gostam de seres humanos alegres e generosos e sentem especial simpatia pelos apaixonados. A falta de generosidade, rudez e o egoísmo, desagradam muito as fadas populares. Também lhes desagradam os indivíduos sombrios.

As fadas da colina Irlandesa amam com paixão a beleza e o luxo e sentem absoluto deprecio pela avareza e a economia. Em suas "Leyendas antigas de Irlanda", Lady Wilde abomina abomina de mão fechada e pão-duro todo aquele que recolhe até o último grão e arranca até a última fruta da árvore, sem deixar nada para os espíritos que vagam à luz da lua.

Um dos traços mais notáveis das fadas é seu grande interesse pela limpeza e costumes ordenados. Esperam encontrar as chaminés que visitam bem varridas, um bom fogo, água clara e fresca para beber e banhar seus bebês, leite, pão e queijo.

A honradez e o cumprimento das promessas, são sempre motivo de respeito, assim como a formalidade e a bondade são recompensados com a boa sorte. Chambers nos conta em seu "Ppular Rhymes of Scotland", a história do "O Senhor de Colzean":

"Um dia o Senhor de Colzean Castle se dirigia para sua casa quando lhe acercou um homem com uma pequena vasilha pedindo um pouco de cerveja para sua mãe anciã, que estava enferma. O Senhor chamou seu mordomo e ordenou que enchesse a vasilha até as bordas. O empregado assim fez, porém esvaziou todo um barril e a vasilha encheu até a metade. O mordomo perplexo, mandou perguntar o que devia fazer. O Senhor disse:

-"Prometi encher a vasilha e a encherei, mesmo que para tanto tenha seja necessário toda a cerveja de minha bodega."

Sendo, assim, o mordomo abriu outro barril e só com uma gota a vasilha ficou cheia. O pobre homem agradeceu e desapareceu.

Anos mais tarde, o Senhor foi lutar nos Países Baixos e foi feito prisioneiro. Estava na prisão quando uma porta se abriu e apareceu um ser feérico, que o transportou até seu castelo."

Entretanto, todo aquele que recebe as graças das fadas, não deve falar delas, já que seu protocolo exige segredo. Por mais estranho que pareça, a conduta que se deve seguir para manter as relações amistosas com as "boas vizinhas", não só proíbe que se revele a ajuda ou os dons a outros mortais, senão também toda a expressão de agradecimento.

Um dos contos mais correntes dos tempos isabelinos até hoje é o dos mortais agraciados pelas fadas, que receberam dinheiro dessas, prometendo não revelar sua origem. Uma história dessas está registrada nos arquivos da "School of Ascottish Studies", como "Dinheiro feérico" e conta também Seán O'Súilleabhaín em "Folktales of Ireland". A intimidade das fadas deve ser respeitada inclusive pelos transeuntes. Em Ulster, o povo evita os caminhos feéricos, especialmente nos primeiros dias do trimestre, que são os dias em que fadas costumam mudar-se.

O regozijo, a alegria, a música, a dança e o bom companheirismo são coisas agradáveis para as fadas que podemos chamar de Corte Bendita.

Acredito nas fadas, não porque as tenha visto, mas porque elas são muito necessárias para que o mundo não se perca no pragmatismo e no cotidiano, que lentamente mata nossas fantasias e ilusões. São as fadas que nos fazem descobrir que também temos alma e ela faz parte de uma alma universal e ainda, nos fazem recordar que somos algo mais do que simplesmente máquinas de produzir e consumir.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO































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