quarta-feira, 17 de junho de 2009

a pratica vudu

A Prática Vodu

Vodu é uma tradição espiritual originada no Haiti durante o período de escravidão colonial francesa. Africanos de muitas linhagens étnicas foram transportados à força para o Haiti, para servirem principalmente como escravos agricultores. Os povos nativos das ilhas, os Taino e os Carib, foram exterminados pelos espanhóis durante as primeiras invasões. Durante este período histórico, europeus da França e de outros países, incluindo deportados pro-Stuart da Escócia, radicaram no Haiti.

Devido a tantas linhagens estarem representadas, nenhum culto africano poderia satisfazer todos os participantes, pois a reverência aos ancestrais era muito importante. Entretanto, cada nação tomaria sua vez num encontro. Essa alternância de cultos eventualmente evoluiu para a ordem cerimonial da liturgia Vodu. Durante este período formativo é que foram adoptadas também entidades europeias pré-cristãs, como Brigid, ou Maman Brigitte na tradição vodu. Também houve uma pequena influência das populações restantes de Tainos e Caribs.

Também há seitas no Vodu, assim como em tantas outras religiões.

O primeiro e mais amplamente conhecido é o Vodu Ortodoxo.

Nesta seita, o Rito Dahomeano tem posição de primazia e as iniciações são conduzidas com base principalmente no modelo dahomeano. Um sacerdote ou sacerdotisa recebe o asson, um chocalho ritual, como símbolo do sacerdócio. Neste rito, um sacerdote é chamado de Houngan, ou às vezes de Gangan; uma sacerdotisa é conhecida como Mambo.

No vodu ortodoxo, as linhas Iorubás também têm certa proeminência. Outras nações ou linhagens que não a Dahomeana são vistas com menor importância, como subtítulos na ordem cerimonial. Este rito é amplamente representado no Haiti, e concentrado em Port Au Prince e no sul do Haiti.

O segundo secto é chamado de Makaya.

Neste rito, as iniciações são menos elaboradas e o sacerdote ou sacerdotisa não recebem o asson.

Um sacerdote makaya é chamado de Bokor e uma sacerdotisa é às vezes chamada de Mambo, às vezes de sorcière. Os termos bokor e sorcière são pejorativos no vodu ortodoxo e o termo bokor pode também servir para classificar um especialista em magia maléfica não iniciado, também chamado de malfaiteur.

Tais indivíduos não são clericais em qualquer seita. A liturgia makaya é menos uniforme de peristilo (terreiro) para peristilo do que a do vodu ortodoxo e há uma ênfase maior na magia do que na religião. Este rito está presente em Port Au Prince e é fortemente representado no Vale Artibonite, no Haiti central.

Um terceiro secto é o Rito Kongo.

Como o próprio nome já diz, é quase que exclusivamente representante da tradição do Congo. A iniciação é baseada no modelo kongo; o sacerdote e a sacerdotisa são ambos chamados de Serviteur. No vodu ortodoxo, um(a) serviteur é apenas o iniciado que serve o Loa (deidade do vodu).

Este rito está concentrado perto de Gonaives, no centro do Haiti e um grande festival anual dos Kongo é realizado perto em Sucrie, perto de Gonaives.

Todas estas tradições têm pontos em comum:

- Há apenas um Deus, chamado de Gran Met, o Grande Mestre; e também de Bondye, do francês Bon Dieu, o Bom Deus.

- Há entidades menores, chamadas de Loa (singular). Elas são consideradas acessíveis de imediato através do mecanismo de possessão. Tal estado é considerado normal e natural dentro do contexto duma cerimónia vodu e também altamente desejável, havendo entretanto uma certa etiquete para a mesma ocorrer, que será discutida em lições mais avançadas.

- Todos os ritos empregam orações, cânticos, percussão, roupas específicas e danças durante as cerimónias.

2 - Quem pode participar do Vodu?

Qualquer um pode participar dos ritos. Não há qualquer requisito de sexo, raça, idade, opção sexual ou origem nacional. Muito menos é pedido para se abandonar crenças e afiliações religiosas anteriores. No Haiti, a vasta maioria de praticantes é também católica romana.

Há vários níveis de participação, é claro, como em quase todas as outras religiões. Uma cerimónia vodu é pública e qualquer um pode entrar no peristilo, ou templo, e observar. Participação na cantoria e na dança são encorajadas. Porque não há qualquer hierarquia centralizada, pagando salário para houngans e mambos, e porque o templo é propriedade privada, é considerada normal uma pequena doação em dinheiro. Este dinheiro é normalmente empregado para pagar os percussionistas, as comidas que são oferecidas aos participantes, para a manutenção do peristilo e dos sacerdotes envolvidos. Isto é frequentemente difícil de entender para pessoas criadas em tradições judaico-cristãs, onde padres, pastores e rabinos são profissionais assalariados.

Indivíduos que tenham um grau iniciático podem participar de cerimónias privadas relativas à outros indivíduos de seu próprio grau ou mais baixo. Pessoas com graus mais baixos não podem participar de cerimónias aferidas a graus mais altos porque o conhecimento ali presente é secreto e elas não seriam competentes para lidar com a mesma.

Houve algumas controvérsias nos últimos anos nos EUA sobre afiliação e participação étnica em religiões afro-americanas. Alguns houngans e mambos inescrupulosos enganam estrangeiros desavisados, realizando cerimónias falsas e cobrando taxas exorbitantes. Outros têm um certo entendimento silencioso de que eles não revelarão o conhecimento secreto do Vodu, isto é, informação e iniciação correctas, a pessoas que não sejam pretas e que não sejam haitianas. Entretanto, outros houngans e mambos têm a visão que as pessoas são escolhidas pelos loa, e não de outra maneira, e que qualquer sacerdote que recuse iniciar e treinar um estrangeiro enviado por um loa irá sofrer graves consequências. A iniciação requer um período significante de estudo e o compromisso mostrado por um estrangeiro será o suficiente para qualquer sacerdote/sacerdotisa oficiante.

Eu inclusive vi um houngan defender vigorosamente seu candidato não haitiano e refutar quaisquer opiniões que invalidassem o iniciante.

Eu ressalvo que o respeito pelos negros de qualquer parte do mundo é imanente às tradições vodu. Nunca devemos esquecer que incontáveis negros foram arrancados de suas terras, estuprados, torturados, castrados e queimados vivos num esforço para erradicar o vodu. O Vodu deu suporte ao ímpeto de resistência à escravidão colonialista e foi combustível para a única rebelião de escravos de sucesso real na América, sendo responsável pela formação da primeira república independente negra americana. Mesmo recentemente na ocupação militar ianque no Haiti, de 1915 a 1934, foi realizado um esforço sistemático para a erradicação do vodu.

Templos foram destruídos, tambores ancestrais sem preço foram queimados e houngans e mambos foram surrados, presos e assassinados.

3 - Nomes e Graus dos Níveis Iniciatórios do Vodu

Há uma série de níveis iniciatórios no vodu ortodoxo, que são atingidos sequencialmente conforme o indivíduo cresce em conhecimento e permanência na comunidade vodunista. Todos os graus de iniciação estão abertos tanto para os homens como para as mulheres.

Uma pessoa não iniciada que frequenta as cerimónias, recebe aconselhamento e tratamento medicinal do houngan ou da mambo e toma parte nas actividades do vodu é normalmente chamada de vodunista. Este é um termo geral, assim como cristão ou budista.

Um não iniciado que está associado a um peristilo em particular, frequenta as cerimónias regularmente e aparenta estar sendo preparado para a iniciação é classificado como hounsi bossale. Hounsi é da linguagem Fon dos Dahome e significa noiva do espírito, embora o termo no Haiti seja utilizado para homens e mulheres. Bossale significa selvagem ou indomado, no sentido de um cavalo selvagem.

O primeiro grau de iniciação confere o título de hounsi kanzo.

Kanzo, também do Fon, refere-se ao fogo, e a cerimónia do fogo, também chamada de Kanzo, empresta seu nome a todo o ciclo iniciático. Indivíduos que são kanzo podem ser comparados a baptizados numa seita cristã. Numa cerimónia vodu, os hounsi kanzo vestem-se com uma roupagem branca, formam o coro e são prováveis candidatos de possessão pelos loa.

O segundo grau é chamado de si puen, sur point em francês, isto é, no ponto, sobre o ponto.

Este termo se refere ao fato de que o iniciado passa por cerimónias no ponto ou apadrinhado por um loa em particular. Essa pessoa é então considerada um houngan ou uma mambo e lhes é permitido o uso do asson, sagrado chocalho emblema do sacerdócio.

Indivíduos que são si puen podem ser comparados a pastores de seitas cristãs. Numa cerimónia eles conduzem orações, cânticos e rituais e são candidatos quase inevitáveis para possessão. Uma vez iniciados como sur point eles podem realizar iniciações de hounsi kanzo e de si puen.

O terceiro e último grau de iniciação é o asogwe.

Houngans e mambos asogwe podem ser comparados aos bispos das seitas cristãs, pois podem consagrar outros sacerdotes. Indivíduos que são asogwe podem iniciar outros em kanzo, si puen e em asogwe. Numa cerimónia eles são a autoridade final sobre os procedimentos, a menos que um loa esteja presente e manifesto através do mecanismo de possessão. Eles são também o último recurso quando a presença de um loa específico é requerida. É dito que um asogwe tem o asson, referindo-se à capacidade do asogwe de conferir um outro iniciado com o asson, elevando então o grau deste a asogwe.

Mesmo um houngan ou mambo asogwe deve submeter-se à opinião do houngan ou da mambo que o iniciou, dos que foram iniciados em asogwe antes dele, do houngan ou mambo que iniciou seu iniciador, dos iniciadores deste e por aí vai. Estas relações podem se tornar realmente complexas e há um ponto na cerimónia do vodu ortodoxo onde todos houngans e mambos, sur point e asogwe, participam duma série de gestos e abraços rituais que servem para elucidar e regular estas relações.

LIÇÃO 2

OS ANCESTRAIS

Parte 1 - Os Ancestrais e a Maneira Vodu de Recuperação dos Mortos

Os ancestrais, zanset yo no Creole haitiano, estão sempre com um vodunista. Ele vive, age, respira com a consciência de sua presença. O hino nacional do Haiti começa assim: Pelo país e pelos ancestrais, nós andamos unidos...

No interior do Haiti, cada aglutinado familiar tem seu cemitério familiar. As tumbas dos familiares são tão elaboradas quanto possível. Algumas lembram casas nas quais a cripta é subterrânea. As estruturas construídas para as famílias ricas podem até conter pequenas salas de estar, com um retrato do falecido e boas cadeiras. Quando um visitante adentra as terras de uma família para uma visita extensa, a cortesia requer que ele faça uma pequena libação de água nas tumbas para que os ancestrais o recebam bem. Membros da família e convidados podem também, a qualquer momento, fazer uma iluminação. Velas ou fitas de cera de abelha são acesas, colocadas nas tumbas e então uma pequena prece é dita.

Na cidade, a lei requer que se enterre no cemitério da cidade. Novamente, as estruturas podem ser bem elaboradas e grandes cadeados e outros meios de segurança são usados para evitar que violadores de tumbas roubem metais, ossos e outros artigos da pessoa morta.

Os ossos de indivíduos mortos são considerados de grande poder mágiko, especialmente se a pessoa morta fosse um houngan ou uma mambo ou fosse de alguma maneira notável e distinta, para o bem ou para o mal.

Um vodunista é enterrado com uma cerimónia católica romana e uma vigília é feita durante nove dias após a morte. A nona noite é chamada de denye priye, a última prece. Após a última prece, a parte católica do funeral é encerrada.

Em algum ponto, antes ou após a cerimónia católica, a cerimónia de vodu desounin é realizada. Neste rito, as partes componentes da alma e da força de vida da pessoa e o loa primário na cabeça da pessoa são separados e enviados para seus destinos correctos. O desounin de um houngan famoso e altamente respeitado pode ser assistido por centenas de enlutados lamentosos vestidos de robes brancos. É neste momento que o herdeiro de qualquer loa familiar libertado do falecido é normalmente revelado, ficando o indivíduo escolhido brevemente possuído.

Um ano e um dia após a morte do indivíduo pode ser feita a cerimónia mo nan dlo (tirar o morto da água). O espírito da pessoa é chamado através de um vaso com água, que é coada por um lençol branco para um pote de barro limpo chamado govi, onde é ritualisticamente instalado. A voz do morto pode ser ouvida através do govi ou através de uma pessoa brevemente possuída para o propósito. O govi é reverentemente colocado no djevo, ou salão interno do templo.

Algumas vezes o espírito de um ancestral pode retornar por sua própria vontade como um loa Ghede.

Parte 2 - Os loas ancestrais : Baron, Maman Brigitte e os loa Ghede

BARON

O cabeça da família de ancestrais loa é o Baron (barão). Ele é mestre do cemitério e guardião do conhecimento ancestral. Ele tem vários aspectos incluindo Baron Samedi, Baron Cemetiere, Baron la Croix e Baron Criminel. Em todos seus aspectos ele é um loa masculino com uma voz nasal, carrega um cajado ou baton, usa impropérios livremente e se veste de negro ou púrpura. Ele é considerado o último recurso para mortes causadas por magia, porque mesmo se um feitiço trouxer uma pessoa para perto da morte, se o Baron se recusar a cavar a cova, a pessoa não morre.

Baron, com sua esposa Maman Brigitte, é também responsável por recuperar as almas dos mortos e transformá-las em loa Ghede. Baron pode ser invocado para casos de esterilidade e ele é o juiz divino para o qual as pessoas podem trazer seus pedidos, cantando:

Ó kwa, Ó jibile! 2x (Ó cruz, Ó júbilo!)

Ou pa we m inosan? (Não vês que sou inocente?)

O túmulo do primeiro homem enterrado em qualquer cemitério do Haiti, quer a pessoa em vida participasse do Vodu ou não, é dedicado para o Baron (não Ghede) e uma cruz cerimonial é erigida no ponto. Em terrenos familiares no interior, uma família pode erigir uma cruz para o Baron de sua linhagem e nenhum peristilo é completo sem sua cruz para Baron. Baron pode ser invocado a qualquer momento e ele pode aparecer sem ser chamado, tão poderoso é ele. Ele bebe rum no qual vinte e uma pimentas vermelhas foram pisadas, bebida que mortal algum pode suportar. Suas comidas cerimoniais são café preto, amendoim grelhado e pão. Ele dança extraordinariamente banda improvisada e às vezes coloca seu bastão no meio das pernas, representando assim o falo. Baron é um loa muito masculino.

O Festim dos Ancestrais, Fet Ghede, é considerado o final do velho ano e o começo do novo, tal qual na tradição européia Wicca. Quaisquer débitos com Baron, Maman Brigitte ou Ghede devem ser pagos nesta festa. O Baron Criminel canta para seus devedores:

Bawon Criminel, map travay pou ve de te yo, m pa bezwenn lajan! 2x

Bawon Criminel, Ó! Lane a bout o, map paret tan yo !

Barão Criminal, estou trabalhando para os vermes da terra (pessoas pobres), eu não preciso de dinheiro! 2x

Barão Criminal, Ó! O ano terminou, eu aparecerei para esperá-los (para pagarem-me)!

MAMAN BRIGITTE

Maman Brigitte, surpreendentemente para um loa de Vodu, é britânica em origem, descende de Brigid/St. Brigit, a deusa tripla celta de poesia, forjaria e cura. Ela deve ter entrado para o Haiti nos corações dos escravos deportados escoceses e irlandeses. Há uma canção que nós cantamos em cerimónias:

Maman Brijit, nan anglete de soti de li, Maman Brigitte, ela é da Inglaterra..."

(Eu penso que Brigid era escocesa, não inglesa, mas talvez no Haiti a palavra anglete represente todas as Ilhas britânicas.)

Hoje em dia, Maman Brigitte é considerada esposa do Baron, mestre do cemitério e chefe de todos os ancestrais, conhecidos como loa Ghede. O túmulo da primeira mulher enterrada em qualquer cemitério no Haiti é consagrado a Maman Brigitte e lá é erigida a cruz cerimonial dela. Ela, também como o Baron, é invocada para elevar o morto", significando curar e salvar os que estão no ponto de morte por enfermidade causada por magia. Aqui está uma canção muito famosa sobre Maman Brigitte cantada em cerimónias de Vodu:

Mesye la kwa avanse pou l we yo!
Maman Brigitte malad, li kouche sou do,
Pawol anpil pa leve le mo (morts de les, Fr.)
Mare tet ou, mare vant ou, mare ren ou,
Yo prale we ki jan yap met a jenou.

Cavalheiros da cruz (os antepassados falecidos) avancem para ela vê-los!

Maman Brigitte está doente, ela se deita de costas.
Muita conversa não elevará a morta,
Amarre sua cabeça, amarre sua barriga, amarre seus rins,
Eles verão como eles ajoelharão.

(Significando, arregace as mangas para se preparar, nós faremos para as pessoas que fizeram este feitiço maléfico ajoelharem-se, implorar perdão e receber o castigo delas.)

Maman Brigitte, como o resto da constelação Ghede é um loa boca-dura que usa muitas obscenidades. Ela bebe rum com pimenta, tão quente que uma pessoa não possuída por um loa nunca poderia beber isto. Ela também é conhecida por passar pimentas haitianas quentes na pele dos órgão genitais do cavalo e este é o teste para o qual são sujeitadas as mulheres suspeitas de falsa possessão. Ela dança a banda sexualmente sugestiva e artística e seu virtuosismo na dança é legendário. Maman Brigitte e Baron são a mãe e o pai que recuperam os mortos e os transformam em loa Ghede e os removem das águas místicas onde eles estavam sem conhecimento da própria identidade, nomeando-os. Há uma canção melancólica sobre a condição das almas nas águas místicas que também é cantada quando um iniciado está preparando-se para o período de exclusão, morte ritual e renascimento do ciclo de iniciação:

Dlo kwala manyan, nan peyi sa maman pa konn petit li,
Nan peyi sa, fre pa konn se li, dlo kwala manyan.

Água manyan de kwala (palavras não creole), naquele país uma mãe não conhece a própria criança.

Naquele país um irmão não conhece sua irmã, água manyan de kwala.

O LOA GHEDE

Os loa Ghede são uma família enorme de loa, tão numerosos e variados como eram as almas das famílias das quais eles se originaram. Desde que eles são todos membros da mesma família, as crianças espirituais de Baron e Maman Brigitte, eles têm todos o mesmo sobrenome - La Croix, a cruz. Não importa outros nomes que eles possam vir a carregar, a assinatura deles sempre é La Croix.

Algum os nomes de Ghede incluem:

Ghede Arapice Croix, Brav Ghede de la Croix, Ghede Secretaire de la Croix, Ghede Ti-Charles la Croix, Makaya Moscosso de la Croix; e nomes tristes e degradantes como GhedeTi-Mopyon la de Deye Croix (Ghede Pequeno Piolho de Caranguejo Atrás da Cruz), Ghede Fatra de la Croix (Lixo Ghede da Cruz), Ghede Gwo nan de Zozo CrekTone de la Croix (Ghede Pinto na Buceta Trovão da Cruz) e por aí vai.. Há uma razão para estes nomes estranhos que ficará clara mais à frente.

A vasta maioria de Ghedes é masculina. Ghede pode possuir qualquer um, a qualquer hora, até mesmo os protestantes (para enorme vergonha deles.) No Haiti eu tenho uma amiga que um dia estava observando um grupo de mulheres possuído por Ghede dançando a banda. Ela disse algo como, "Olhe as prostitutas nojentas, elas não têm nenhum respeito por si mesmas. Naquele mesmo lugar, a Ghede possuiu minha amiga, a lançaram ao solo, prostraram-na e declararam que ela iria se juntar aos ancestrais! Súplicas e intercessões dos familiares finalmente pacificaram o Ghede que prometeu ceder - com a condição de que a mulher e tornasse Mambo! Mambo Delireuse agora pratica em uma área rural próximo del'Artibonite de Riviere Delicada, no Haiti central! Os Ghedes são figuras muito transitivas, existindo entre a vida e a morte, entre os antepassados em Guiné e entre os homens e mulheres vivos do Haiti. Talvez é por isto que eles sejam homenageados a meio caminho da plena cerimónia de Vodu ortodoxa, depois do Rada (Dahomean e Iorubá) e antes do Petro.

O Ghedes vestem-se quase como seu pai Baron -roupas negras ou púrpuras, chapéus elaborados, óculos escuros, às vezes sem uma lente, um cajado ou baton. Eles também dançam a banda, mas eles retêm mais da personalidade da pessoa de quem eles se originaram.

A família de Ghede, incluindo o pai e a mãe, o Baron e a Maman Brigitte, são absolutamente notórios no uso de baixarias e termos sexuais. Há uma razão para isto -os Ghede estão mortos, além de qualquer castigo. Nada mais pode ser feito a eles, assim o uso de profanidades normalmente entre os haitianos um pouco formais são um modo de declaração, "Eu não me preocupo! Eu passei além de todo o sofrimento, eu não posso ser ferido".

Num país onde desrespeito para com figuras de autoridade era até recentemente punido com tortura ou morte, esta é uma mensagem poderosa. Porém, esta profanidade nunca é usada de modo maligna ou abusiva, para amaldiçoar alguém. Sempre é humorístico, até mesmo quando há uma forte mensagem envolvida.

Há algumas canções muito imponentes e dignas cantadas para Ghede, particularmente o mais velho, raciais ou aspectos raiz, como Brav Ghede. Hoje em dia, entretanto, a ênfase está no humor sexual e obsceno promovido pelos loa Ghede. Aqui está uma canção popular cantada para Ghede em peristilos de Vodu e em celebrações públicas:

Si koko te gen dan li tap manje mayi griye,
Se paske li pa gen dan ki fe l manje zozo kale!

Se vagina tivesse dentes, comeria milho assado,
É porque não tem nenhum dente que come pénis descascado!

Da mesma maneira, é dito que um ghede é um ladrão. É verdade que ele se apropria do que quiser de vendedores de rua, mas uma vez que este ceda às demandas do loa, este se limita a pegar um pouco de coco ou de milho de assado. Na Fet Ghede, a maioria dos terreiros cozinham especialmente comida para as centenas de Ghedes que aparece vagando pelas ruas. Aqui está uma canção que uma multidão de Ghedes cantou enquanto iam para a casa de uma Mambo famosa e particularmente generosa da área de Port au Prince :

Ting ting ting ting kay Lamesi,
Whoi mama,
Kay la Mesi gen yon kochon griye,
Whoi mama!

Ting ting ting ting a casa de Lamesi
Mamãe de Whoi,
A casa de Lamesi tem uma porca inteira assada,
Mamãe de Whoi!

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